Orator

(ed. Tullius Cicero. M. Tulli Ciceronis Rhetorica, Tomus II. A. S. Wilkins. Oxonii. e Typographeo Clarendoniano. 1911. Scriptorum Classicorum Bibliotheca Oxoniensis)

Orator 7-10: (…) sed ego sic statuo, nihil esse in ullo genere tam pulchrum, quo non pulchrius id sit unde illud ut ex ore aliquo quasi imago exprimatur; quod neque oculis neque auribus neque ullo sensu percipi potest, cogitatione tantum et mente complectimur. Itaque et Phidiae simulacris, quibus nihil in illo genere perfectius videmus, et eis picturis quas nominavi cogitare tamen possumus pulchriora; nec vero ille artifex cum faceret Iovis formam aut Minervae, contemplabatur aliquem e quo similitudinem duceret, sed ipsius in mente insidebat species pulchritudinis eximia quaedam, quam intuens in eaque defixus ad illius similitudinem artem et manum dirigebat. vt igitur in formis et figuris est aliquid perfectum et excellens, cuius ad cogitatam speciem imitando referuntur eaque sub oculos ipsa (non) cadit, sic perfectae eloquentiae speciem animo videmus, effigiem auribus quaerimus. has rerum formas appellat ἰδέας ille non intellegendi solum sed etiam dicendi gravissimus auctor et magister Plato, easque gigni negat et ait semper esse ac ratione et intellegentia contineri; cetera nasci occidere fluere labi nec diutius esse uno et eodem statu. Quicquid est igitur de quo ratione et via disputetur, id est ad ultimam sui generis formam speciemque redigendum.

Orator 7-10: (...)mas eu defendo que não há nada tão belo que não haja algo ainda mais belo cuja imagem possa ser expressa, embora não possa ser percebida pelos olhos ou ouvidos, ou por qualquer outro dos sentidos; é apenas na mente e por nossos pensamentos que a abraçamos. Portanto, embora nunca tenhamos visto nada de mais belo que as estátuas de Fídias e as pinturas que mencionei, ainda podemos imaginar algo mais belo. Tampouco aquele grande artista, quando estava esculpindo a forma de Júpiter ou de Minerva, contemplava alguma pessoa em particular de quem buscava a semelhança, mas tinha em sua mente uma certa ideia perfeita de beleza, que ele considerava e fixava seus olhos, guiando sua arte e sua mão com referência à semelhança desse modelo. Assim como há algo perfeito e excelente nas formas e nas figuras, cuja ideia é pensada em nossas mentes, de modo que imitamos com referência a ela o que não aparece aos olhos, então vemos em nossa mente a ideia da perfeita eloquência, e buscamos por sua efígie com nossos ouvidos. Essas formas das coisas são chamadas ιδέας por Platão, o maior dos mestres e autores não só do intelecto mas também do estilo. Essas, ele diz, não “vêm a ser”, mas existem desde sempre na razão e na inteligência, e outras coisas vêm a ser e deixam de ser, vivem em fluxo e não permanecem no mesmo estado. Portanto, aquilo que deve ser discutido racionalmente, deve ser remetido à sua forma e ideia.