Academica

(ed. Academicorum reliquiae cum Lucullo. M. Tullius Cicero. O. Plasberg. Leipzig. Teubner. 1922)

 

 

Luc. 20-21: Adhibita vero exercitatione et arte, ut oculi pictura teneantur aures cantibus, quis est quin cernat quanta vis sit in sensibus. quam multa vident pictores in umbris et in eminentia quae nos non videmus; quam multa quae nos fugiunt in cantu exaudiunt in eo genere exercitati, qui primo inflatu tibicinis Antiopam esse aiunt aut Andromacham, cum id nos ne suspicemur quidem. nihil necesse est de gustatu et odoratu loqui, in quibus intellegentia etsi vitiosa est quaedam tamen. quid de tactu et eo quidem quem philosophi interiorem vocant aut doloris aut voluptatis, in quo Cyrenaici solo putant veri esse iudicium, quia sentiatur - potestne igitur quisquam dicere inter eum qui doleat et inter eum qui in voluptate sit nihil interesse, aut ita qui sentiet non apertissime insaniat?

Luc. 20-21: Acrescentados o exercício e a arte para que os olhos seja sensíveis à pintura e os ouvidos aos cantos, quem não discerne quanta força há nos sentidos? Quantas coisas os pintores veem nas sombras e no realce que não vemos; e quantas no canto nos escapam que são detectadas pelos que nesse gênero se exercitam, aqueles que ao primeiro sopro do flautista dizem esta é a Antíope ou Andrômaca, quando nem sequer suspeitamos. É desnecessário falar do gosto ou do olfato, nos quais há discernimento, ainda que defeituoso. O que dizer sobre o tato, e sobre aquele a quem os filósofos chamam interno que percebe a dor e o prazer, no qual os cirenaicos pensam estar o único juízo da verdade, porquanto se sinta? Seria possível alguém dizer não haver nenhuma diferença entre aquilo que causa dor e aquilo que causa prazer, ou aquele que assim sente não seria realmente um insano?

Luc. 89-90:quid loquar de insanis: qualis tandem fuit adfinis tuus Catule Tuditanus, quisquam sanissimus tam certa putat quae videt quam is putabat quae videbantur? (…)qui magis haec crederet si essent quam credebat quia videbantur; apparet enim iam cor cum oculis consentire. Omnia autem haec proferuntur ut illud efficiatur, quo certius nihil potest esse, inter visa vera et falsa ad animi adsensum nihil interesse. Vos autem nihil agitis, cum illa falsa vel furiosorum vel somniantium recordatione ipsorum refellitis. Non enim id quaeritur, qualis recordatio fieri soleat eorum qui experrecti sunt aut eorum qui furere destiterint, sed quails visio fuerit aut furentium aut somniantium tum cum movebantur.

 

Luc. 89-90: O que devo dizer sobre os insanos? O que podemos pensar de seu parente Tuditano, Catulo? Alguém perfeitamente são acha que os objetos que vê são tão reais quanto Tuditano achava que eram suas visões?(…)  Ele teria acreditado mais nessas coisas se elas realmente fossem verdadeiras ou ele acreditava porque as via? Com isso, parece que a mente concorda com os olhos. Mas todas essas coisas são apresentadas para dizer o que é o mais provável, ou seja, que em relação ao consentimento da mente não há diferença entre visões verdadeiras e falsas. Mas vocês não avançam quando refutam essas visões falsas apelando a loucos ou sonhadores; Pois a questão não é que tipo de lembrança é geralmente experimentada por aqueles que acordaram ou deixaram de ser loucos, mas qual é a natureza da percepção visual do louco ou do sonhador no momento em que a experiência deles estava ocorrendo.

Luc. 146: (...) sed quo modo tu si comprendi nihil posset artificia considere dicebas nec mihi dabas id quod probabile esset satis magnam vin haere ad artes, sic ego nunc tibi refero artem sine scientia esse non posse. An pateretur hoc Zeuxis aut Phidias aut Polyclitus, nihil se scire, cum in iis esset tanta sollertia? Quod si eos docuisset aliquis quam vim habere diceretur scientia, desinerent irasci: ne vobis quidem suscenserent, cum didicissent id tollere nos quod nusquam esset, quod autem satis esset ipsis relinquere. Quam rationem maiorum etiam comprobat diligentia, qui primum iurare ex sui animi sententia quemque voluerunt, deinde ita teneri si sciens falleret, quaod inscientia multa versaretur in vita: tum qui testimonium diceret ut arbitrari se diceret etiam quod ipse vidisset, quaeque iurati iudices cognovissent ut ea non aut esse aut non esse facta sed ut videri pronuntiarentur.

Luc. 146: (...) Mas, do modo como tu dizias que, se nada pudesse ser compreendido, as artes sucumbiriam, e não me permitias que o provável fosse suficientemente grande para as artes, eu agora respondo que a arte não pode existir sem o conhecimento. Por acaso Zêuxis, Fídias ou Polícleto suportariam isso, que eles nada sabem, quando há neles tanta solércia? E se alguém lhes tivesse dito a força que teria o conhecimento, deixariam de se zangar; nem mesmo se exasperariam conosco, quando soubessem que eliminamos o que não existe em nenhum lugar, mas deixamos o suficiente para eles mesmos.A diligência dos antepassados também comprova esse raciocínio, queprimeiro quiseram que cada um jurasse de acordo com a sentença de sua alma e, então, que se mantivesse de modo tal que, sabendo que pode se enganar, pois muita insciência ocorre na vida, dissesse julgar que, pensar que, ainda que ele próprio o tivesse visto; e que o que os juízes jurados tivessem conhecido fosse pronunciado não como tendo um fato, mas que parecia ser.